Eu me lembro de, ainda criança, picar um repolho quase inteiro e refogar com cebola, devorando depois, numa bacia. Sempre gostei da crocância dos vegetais. Descendente de japoneses, cresci familiarizada com peixes, gohan e uma dieta saudável e onívora. Mas sempre tive curiosidade e atração por dietas diferentes, vegetarianas, veganas, vivas etc. Porém, não desconfiaria que por causa da saúde do meu pai é que eu cruzaria uma fronteira definitiva para mergulhar nesse universo, agorinha mesmo, do alto dos meus 43 anos. Em busca de alívio para questões digestivas dele, mudamos nossa alimentação em setembro de 2020. Nada de glúten, nem laticínios, nem carne, redução a quase 0 de industrializados e açúcar. O resultado para mim foi ótimo. Para ele, também. Minha filha, Pema, de 8 anos, está se familiarizando e também torcendo o nariz... Foi então que me senti pronta a fazer o programa de desintoxicação da Silvia Corbucci (cujo trabalho conhecia há anos) chamado de Jejum verde. [Jejum verde: 3 semanas de alimentação apenas por sucos, sopas frias e leites vegetais. Incluindo uma semana de preparo, antes, e outra de reintrodução dos alimentos sólidos, depois. Ao todo, 5 semanas de alimentação totalmente nova.]
Escrevo este texto em 9 de outubro. No dia 12 iniciaremos a dieta líquida. Até lá, o desafio será comer apenas comida crua ou amornada a certa temperatura. Doce desafio. Comi muito bem hoje, e o que mais me surpreende é a alegria que brota toda vez que abro a geladeira. Abandonar a carne e ganhar intimidade com os vegetais me trouxe uma vivacidade e entusiasmo que há tempos não sentia. É tudo tão colorido, tão novo e bonito... Bonito como a natureza.
O jejum verde está, até agora, equivalendo a um retiro, daqueles onde descobrimos muito sobre nosso funcionamento. Aí surge um casamento incrível, afinal sou instrutora de mindfulness e tenho uma trajetória de uns 10 anos de meditação. Então são muitas percepções. E pretendo registrá-las em alguns textos; este é o primeiro.
Saúde!